A formação de favelas está ligada ao término do período escravocrata, no
final do século XIX. Sem posse de terras e sem opções de trabalho no campo
muitos dos escravos libertos deslocaram-se para o Rio de Janeiro, então capital
federal. O grande contingente de famílias em busca de moradia e emprego
provocou a ocupação informal em locais desvalorizados, de difícil acesso e sem
infraestrutura urbana.Com a Proclamação da República, em 1889, a elite e os administradores
do Rio queriam apagar do seu passado os vestígios de uma cidade colonial.
Cortiços sem condições sanitárias e povoados por ex-escravos foram demolidos na
reforma de Pereira Passos. Sem ter outras opções de moradia os desabrigados
foram obrigados a construir suas próprias casas. Começou então a ocupação dos
morros centrais da Providência e de Santo Antônio, em 1893, seguida pelo Morro
dos Telégrafos e Mangueira, em 1900.
De maneira geral, as favelas surgiram pela necessidade
de sobrevivência de uma população carente de recursos. Sem alternativa, os
cidadãos foram construindo casas em terrenos não povoados. As comunidades
cresceram com grande rapidez ao longo dos anos, graças, em parte, ao descaso do
poder público. O surgimento da favela está associado à concentração de renda,
ao desemprego e à falta de planejamento urbano. Favela é o termo que designa
áreas que abrigam habitações precárias, desprovidas de regularização e serviços
públicos (água tratada, esgoto, escolas, posto de saúde, entre outros).
A partir de meados do século passado, as favelas, cada
vez mais presentes na forma da cidade, passam a configurar um problema a ser
decididamente enfrentado. As soluções então preconizadas visavam a eliminação
das favelas, demandando ações enérgicas por parte do Poder Público. De fato, as
décadas de 1950 a 1970 ficariam marcadas por sucessivas tentativas de
erradicação das favelas através da remoção e reassentamento dos moradores em
conjuntos habitacionais construídos especialmente para este fim. Muitos
moradores opõe-se energicamente contra a descrição de suas comunidades como
"favelas", alegando que o termo é pejorativo e que, muitas vezes,
resulta em ameaças de despejos.
Seguiram-se conquistas importantes na luta pela
implantação de serviços urbanos nas favelas, como a eletrificação, o
abastecimento de água, a construção de escolas, creches, postos de saúde e
melhoria dos acessos principais. As antigas casas de madeira e zinco deram
lugar a construções de alvenaria de tijolos e estruturas de concreto armado.
Novas políticas públicas de urbanização de favelas vão, pouco a pouco, se
consolidando e substituindo as fracassadas práticas de remoções. As favelas se
adensam e se multiplicam, incorporando-se de modo permanente e irreversível na
paisagem urbana da cidade.Com todos esses agravantes a violência toma conta das
favelas, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o inchaço populacional,
a ausência do Estado e a consequente falta de políticas públicas, tornaram as
favelas os principais centros do narcotráfico no Rio de Janeiro, o que tornou
essas áreas ainda mais violentas.
As favelas também tendem a falta de serviços básicos
presentes nos assentamentos mais formalmente organizados, incluindo o
policiamento, os serviços médicos e de combate a incêndios. Os incêndios são um
perigo especial para favelas, não só pela a falta de postos de combate a
incêndios e de caminhões de bombeiros, que não conseguem acessar as estreitas
ruas e vielas, mas também devido à proximidade dos edifícios e da inflamabilidade
dos materiais utilizados na construção.
Em alguns países, os
governantes abordaram a situação resgatando os direitos de propriedade rural
para apoiar a agricultura sustentável tradicional, no entanto essas ações têm
sofrido forte oposição de corporações e capitalistas. Essas ações do governo
também tendem a ser relativamente impopulares entre as comunidades faveladas em
si, uma vez que envolve mover os moradores de volta ao campo, uma inversão da
migração rural urbana que originalmente trouxe muitos deles para a cidade.
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